sábado, 10 de julho de 2010

A Educação e sua desigualdade

Nas últimas discussões e artigos que tenho lido, tenho formado uma opinião de que o centro de vários problemas da sociedade atual está resumido a fatores ligados a base, princípios e valores do ser social. E verifica-se que o fator determinante para que estes pontos se desenvolvam da maneira correta está intrinsecamente ligado ao sistema educacional como um todo.
A educação é a base construtora do cidadão e talvez a única forma de fazer com que o sistema da sociedade passe a fluir na prática, assim como é na teoria.
Sendo assim é sensato e necessário saber esses números expostos pelo Indeb, mesmo sabendo que ao mesmo tempo que me orgulha me decepciona:


Ensino abaixo da média do País

Divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC), quando se observam os anos finais (6º ao 9º ano), o percentual é bem parecido. Ficaram com nota igual ou acima de 4, a média do Brasil, 7,4% dos colégios de Pernambuco. A boa notícia é que, nesse nível de ensino, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) obteve a nota mais alta do País, 8. No Estado, foram avaliadas 2.056 escolas que oferecem anos iniciais do fundamental e 1.396 nas séries finais. Criado em 2005, o Ideb avalia a qualidade dos colégios e das redes de ensino. Utiliza escala de zero a 10 e é medido a cada dois anos. Para compô-lo, junta-se a taxa de aprovação e médias em testes de português e de matemática. O objetivo é que o Brasil chegue à nota 6 em 2021, ano do bicentenário da Independência. Essa média corresponde à qualidade do ensino em países desenvolvidos. Dezessete escolas pernambucanas tiraram menos de 2 nas séries iniciais do ensino fundamental. A pior foi a Escola Estadual Joaquim Ribeiro da Rocha, localizada em São Caetano, Agreste, com 1,3. No Grande Recife, o último lugar ficou com a Escola Municipal de Base Rural Margarida Alves, que fica no Sítio Ouro Preto, zona rural de Olinda. “Oito professores, que eram temporários, saíram no início de 2009. Essa troca de docentes atrapalha”, destaca Ana Rodrigues, diretora da escola de São Caetano, que fica na periferia da cidade. São 886 alunos. Outra dificuldade, diz ela, é a alto incidência de drogas. Para melhorar o desempenho dos estudantes, estagiários estão dando aulas de reforço de português e matemática. Em Olinda, o percurso de apenas 1,5 quilômetro entre a Avenida Senador Nilo Coelho (Perimetral) e a Escola Margarida Alves, em dia de sol, é tarefa dificílima. A estrada de barro tem vários trechos com espaço para apenas um veículo e, às vezes, é preciso competir com crateras e pedaços de troncos e mato. Em dias de chuva, o acesso só é possível a pé. Assaltos são comuns na região. O maior desafio, segundo a direção, é encontrar professores que aceitem enfrentar a maratona diária para ensinar. Por causa da violência e dificuldade de acesso, a escola tem apenas uma turma, que reúne os alunos dos 2º e 3º anos do 1º ciclo. O ano letivo começou com 40 crianças. Hoje, são apenas 19 (a taxa de evasão é um dos componentes do Ideb). A vendedora Maria José da Conceição tem três filhos no colégio. O mais velho, José Paulo de Brito, 10 anos, conta que gosta. “A merenda é boa. A gente brinca. Mas a professora às vezes falta.” A diretora, Miriam Lima, explica. “A mãe da professora está doente. E como não temos ninguém que aceite substituí-la, eu mesma fico com as crianças na ausência dela”, relata.

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